O que é HPV?

O papilomavírus humano, ou “HPV”, é um vírus que pode causar verrugas na pele, verrugas genitais e algumas formas de câncer.

Como é transmitido?

O HPV é um vírus com transmissão pelo contato pele a pele, incluindo o contato sexual. Isso inclui relações sexuais com sexo vaginal, sexo oral, sexo anal ou qualquer outro contato que envolva a área genital (por exemplo, contato mão-genital). Embora os preservativos sejam uma maneira importante de prevenir a maioria das infecções sexualmente transmissíveis, eles não oferecem proteção completa contra a infecção pelo HPV, pois não cobrem toda a pele genital exposta.

O risco de exposição ao HPV aumenta com o número de parceiros sexuais. Estima-se que 75 a 80% dos adultos sexualmente ativos adquiram pelo menos uma infecção genital por HPV antes dos 50 anos. A maioria das pessoas são infectados pela primeira vez com um ou mais tipos de HPV na região anogenital entre 15 e 25 anos.

Quais são os sintomas?

A maioria das pessoas infectadas pelo HPV não apresenta sinais ou sintomas e, na maioria dos casos, nunca desenvolve problemas causados ​​pelo HPV. Em 10 a 20% das mulheres, no entanto, a infecção pelo HPV não desaparece. Nessa situação, há uma chance maior de desenvolver verrugas genitais, lesões pré-malignas no colo uterino ou câncer de colo uterino. Geralmente, leva em média 20 a 25 anos para uma nova infecção pelo HPV causar câncer de colo uterino. Por esse motivo, é importante fazer exames regulares (Citopatológico do colo uterino ou teste de HPV, ou ambos) para detectar qualquer anormalidade cervical precocemente, antes que o câncer se desenvolva. 

As lesões de vagina, neoplasias intra epiteliais vaginais (NIVA) e vulva (NIV), menos frequentes que as de colo, também são induzidas principalmente pelos HPV de alto risco oncogênico.

Qual a relevância do HPV para a saúde pública?

Acredita-se que cerca de 5% (610.000) dos 12,7 milhões de casos novos de câncer em homens e mulheres em todo o mundo são atribuíveis ao HPV. Anualmente, os cânceres relacionados ao HPV em mulheres representam cerca de 10% de todos os novos cânceres no mundo e cerca de 14% atingem mulheres que residem em regiões em desenvolvimento. Com exceção do tabaco, é o maior fator de risco oncogênico. 

O HPV está relacionado a 99% dos casos de câncer de colo de útero, 63% dos casos de câncer de pênis, 91% dos casos de câncer de ânus, 75% dos casos de câncer de vagina, 72% dos casos de câncer de orofaringe e 69% dos casos de câncer de vulva. O vírus também pode acarretar verrugas genitais, importante problema de saúde pública.

Diante da constatação de que praticamente todos os registros de câncer de colo de útero são atribuíveis ao HPV, é importante frisar que, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), 6.385 mulheres morreram devido a esse tumor maligno em 2017. A estimativa de novos casos é de aproximadamente 16.000 por ano. Vale ressaltar que no Brasil, o câncer de colo uterino é a terceira causa de neoplasia entre as mulheres, com taxas de 15 casos/100.000 mulheres ao ano.

Quais os tipos de HPV?

Existem cerca de 200 tipos diferentes de HPV; sabe-se que mais de 40 deles infectam o colo do útero e aproximadamente 15 podem causar o câncer de colo do útero. Os pesquisadores rotularam os tipos de HPV como de alto ou baixo risco de causar câncer cervical:

● Os tipos 6 e 11 do HPV causam cerca de 90% das verrugas genitais. Esses tipos são considerados de baixo risco, porque não causam câncer cervical. 

● Os tipos 16 e 18 são os tipos de alto risco que causam a maioria (cerca de 70%) dos casos de câncer do colo do útero. Os tipos 31, 33, 45, 52 e 58 do HPV também são de alto risco, causando cerca de 20% dos cânceres cervicais. Outros tipos de alto risco (35, 39, 51, 56 e 59) também podem causar câncer de colo de útero, mas são menos comuns.

Como prevenir o HPV?

Como falado anteriormente, embora os preservativos sejam uma maneira importante de prevenir a maioria das infecções sexualmente transmissíveis, eles não oferecem proteção completa contra a infecção pelo HPV, pois não cobrem toda a pele genital exposta.

Existe vacina contra o HPV, porém também não realizam uma proteção global, pois não incluem todos os tipos do vírus. Três vacinas contra o HPV estão disponíveis globalmente. As três vacinas protegem contra diferentes tipos de HPV:

● A Gardasil-9 ajuda a prevenir a infecção por nove tipos de HPV (6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58). Até o momento a Gardasil-9 não é comercializada no Brasil.

● Gardasil ajuda a prevenir a infecção por quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18).

● Cervarix ajuda a prevenir a infecção pelo HPV tipos 16 e 18.

Existe um teste para identificar o HPV?

A identificação do vírus pode ser realizada indiretamente, identificando a lesão causada pelo mesmo, exemplo: Identificação de verrugas genitais; Ou pode ser realizado testes diretos para a pesquisa do HPV, chamados de PCR-DNA para HPV ou teste de Captura híbrida para o HPV. Estes testes dizem se a paciente tem a infecção atual pelo vírus, e também informa o tipo de HPV, se de alto ou baixo risco para o desenvolvimento de câncer de colo uterino.

Quem deve realizar o teste de HPV?

As mulheres que devem ser submetidas a este teste são aquelas que apresentam idade entre 25-30 anos ou mais, como exame de rastreamento; mulheres abaixo desta faixa etária não devem ser submetidas a pesquisa de DNA-HPV, pois há alta prevalência de infecção por HPV nas jovens, infecção esta que terá clareamento (cura) espontâneo.

A pesquisa de DNA-HPV também está bem indicada em mulheres com citologia revelando atipia de células escamosas de significado indeterminado (ASCUS), pois assim estratificam aquelas que necessitam ou não da colposcopia. A positividade do teste indica a realização do exame de colposcopia para identificar a lesão e dirigir o melhor local para a biópsia.

Em mulheres que foram anteriormente tratadas com conização por lesão de alto grau do colo uterino, também está indicada a realização do teste. A negativação do teste de DNA-HPV significa clareamento da infecção e confere prognóstico melhor com alto valor preditivo negativo. Quando positivo, as taxas de recidiva são maiores.

Quais as formas de infecção pelo HPV?

A partir do contato com o HPV podemos ter três formas de infecção: a latente, onde se detecta o DNA do vírus, sem qualquer alteração morfológica do epitélio; a subclínica onde se diagnostica alteração citológica ou histológica induzida pelo HPV; a clínica que é a presença das verrugas/lesões, onde a própria mulher detectará a doença.

Na infecção latente: os testes biomoleculares detectam a presença do DNA do vírus.

Os testes comerciais existentes são a captura híbrida e o PCR. O objetivo é identificar a mulher que seja portadora do HPV oncogênico, pois esta apresenta risco de desenvolvimento das lesões de alto grau ou câncer. 

Na infecção sub-clínica: o exame que identifica alteração morfológica inicial da célula é a citologia oncótica cérvico-vaginal (exame de Papanicolaou). As alterações provocadas pela infecção do HPV incluem coilocitose, disqueratose e discariose nas lesões de baixo grau, sendo os achados agravados com alterações nucleares mais pronunciadas e células com citoplasma escasso nas lesões de alto grau. 

Na infecção clínica: as lesões clínicas são aquelas visíveis ao olho nu, que pode ser referida pela própria paciente. Geralmente localizada na região da vulva, em aspecto de verruga, pode ter tamanho e número variado. Não é necessário exames subsidiários ou biópsia para indicar o tratamento. 

Como é tratada a infecção pelo HPV?

Depois de ter o HPV, não é possível curá-lo com medicamentos ou outro tratamento. O que se realiza é o tratamento das lesões causadas pelo vírus. Em pacientes jovens e com sistema imune competente o que pode ocorrer é a remissão espontânea da infecção.

Vacina contra HPV:

Todas as vacinas contra o HPV são administradas por injeção. A dosagem depende da idade e da saúde do sistema imunológico:

● Paciente com menos de 15 anos de idade com função imunológica normal, deve tomar duas injeções com pelo menos seis meses de intervalo.

● Pacientes com 15 anos ou mais com função imunológica normal, deve tomar três injeções. A segunda e terceira doses são administradas um a dois e seis meses após a primeira, respectivamente.

● Pacientes com infecção pelo HIV ou imunocomprometido (por exemplo, tem outra condição de saúde que enfraquece o sistema imunológico), deve tomar três injeções, independentemente da idade em que inicia a vacinação.

Quem deve ser vacinado?  No Brasil a vacinação de rotina contra o HPV é fornecida no SUS para todas as meninas de 9 a 11 anos e meninos de 11 a 14 anos. Porém a vacinação é recomendada para todas as pessoas entre 9 e 26 anos de idade que ainda não a receberam. A vacina contra o HPV também é aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para homens e mulheres com idades entre 27 e 45 anos; a decisão de vacinar adultos nessa faixa etária deve ser individualizada, pois algumas pessoas nessa faixa etária ainda podem se beneficiar.

Com qualquer tipo de vacina a maior proteção contra o HPV ocorre se for vacinado antes do paciente se tornar sexualmente ativo. A vacina não ajuda a se livrar da infecção pelo HPV ou de qualquer lesão cervical após a ocorrência. 

É importante ter em mente que a vacina funciona melhor se administrada antes do início da atividade sexual (mesmo muitos anos antes). Às vezes, os pais hesitam em vacinar seus filhos. Algumas pessoas temem que isso faça com que as crianças se tornem sexualmente ativas mais cedo do que seriam. No entanto, não há evidências de que isso aconteça.

Alguns também temem que a vacina possa ter sérios efeitos colaterais, mas estudos mostraram claramente que as vacinas disponíveis contra o HPV são muito seguras.

Quanto tempo estou protegido?  Embora os especialistas não saibam exatamente quanto tempo a vacina protege contra a infecção pelo HPV, não há evidências que sugiram que a vacina contra o HPV perca a capacidade de fornecer proteção ao longo do tempo.

Ainda preciso da triagem do câncer do colo do útero?  não é necessário fazer um exame de Papanicolau e / ou HPV antes de ser  vacinado contra o HPV, no entanto, a vacinação contra o HPV não significa que você pode pular o rastreamento do câncer de colo do útero no futuro, uma vez que a vacina não elimina infecções adquiridas antes da vacinação. Além disso, outros tipos de HPV de alto risco, que não são prevenidos pela vacina, também podem causar câncer cervical. 

EFEITOS SECUNDÁRIOS E PRECAUÇÕES DA VACINA DO HPV

A vacina contra o HPV pode causar leve vermelhidão, sensibilidade ou inchaço próximo ao local da injeção. Não há derivado de mercúrio usado como conservante na vacina contra o HPV. Atualmente, a vacina não é recomendada durante a gravidez, embora não haja riscos conhecidos para o feto se a vacina for administrada.

QUÃO EFICAZ É A VACINA?

Estudos mostraram que:

● A vacinação contra o HPV em mulheres é muito eficaz na prevenção de infecções por HPV, lesões pré-malignas do colo uterino e câncer de colo uterino causados ​​por tipos de HPV visados ​​pela vacina.

● A vacinação contra o HPV em mulheres reduz o risco de verrugas genitais em seus parceiros sexuais masculinos.

● A vacinação contra o HPV em homens reduz o risco de desenvolver verrugas genitais e infecção pelo HPV do pênis, o que pode diminuir a propagação do HPV aos parceiros sexuais.

● A vacinação contra o HPV também reduz o risco de câncer anal em homens e mulheres.

● A vacinação contra o HPV evita a infecção oral pelo HPV, associada ao câncer de orofaringe (boca e garganta). Espera-se que a vacina também possa reduzir o risco desse câncer.

OUTRAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

A vacina contra o HPV não previne outras infecções sexualmente transmissíveis (DSTs), como HIV, herpes, clamídia e gonorréia.

É importante praticar sexo seguro para reduzir o risco de todas as DSTs. Isso inclui o uso de preservativo masculino ou feminino em todos os atos sexuais.